domingo, 15 de novembro de 2009

O ego realmente existe?

E perguntaram para Sri Bhagavan Ramana Maharshi:

D: E como o ego surge?
B: Não existe ego. Se existisse você teria que admitir a co-existência de dois "eus" em você. Portanto, também não existe ignorância. Se você investigar dentro do Eu*, a ignorância, que já é não-existente, vai ser vista como tal e então você dirá que ela sumiu.

Às vezes, o ouvinte tinha a impressão que a ausência de pensamentos é um mero "vazio mental", e por isso Bhagavan tinha o cuidado de alertá-los sobre esse ponto.

B: A ausência de pensamentos não significa um vazio. Alguém deve estar consciente desse vazio. Conhecimento e ignorância são duais e pertencem apenas à mente - o Eu Real está além de ambos. Ele é pura Luz. Não é necessário que um eu veja o outro. Não existem dois eus. O que não é o Eu é apenas não-Eu, e não pode ver o Eu. O Eu Real não possui visão ou audição, mas está além deles brilhando sozinho como pura Consciência.

(...)

B: O indivíduo que identifica a sua própria existência com a existência da vida no corpo físico, o torna como "eu", é chamado de ego. O Eu Real, que é Pura Consciência, não tem sentimento de ego ligado ao corpo. Nem pode o corpo físico, (...) ter esse sentimento de ego. Entre os dois, ou seja, entre o Eu ou Pura Consciência e o corpo físico, surge misteriosamente a sensação do ego, ou noção do "eu", este híbrido que não é nenhum dos dois e que floresce como ser individual. Este ego ou ser individual é a raiz de tudo o que é fútil e desagradável na vida. Por isso ele deve ser destruído por qualquer meio possível, então permanece apenas o brilho d'Aquilo que sempre É.

(*): em inglês, o termo usado para este Eu (com E maiúsculo) é Self ou Atma e refere-se ao Eu Real, ao Eu que não pode ser tocado, ao Eu que não se vê com os olhos e que permanece sempre Puro.


Os Ensinamentos de Ramana Maharshi em Suas Próprias Palavras.
Editora Advaita (Arthur Osborne)

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