segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Sem nenhuma expectativa, nem mesmo um agradecimento

O amor só pode acontecer quando não há expectativas, desejos e nem mesmo intenções, pois é imprevisível, só pode acontecer no presente, no agora. Ele não faz planos de ação a seguir é sempre livre e completo. Não pode haver definição para o que acontece no amor, pois qualquer definição que seja, chega-se ao fim do amor... e o amor é infinito.

O amor é algo eterno. É a experiência dos budas. Somente poucas pessoas podem verdadeiramente despertar para o real significado do amor, porque foge da concepção humana. O amor encontra-se nos estados mais elevados da consciência humana, onde tudo pode acontecer e as explicações perdem sentido.

Osho afirma que se você quer realmente sentir e conhecer o amor, é necessário esquecer tudo que você sabe, viu, leu ou pensa sobre o amor. O melhor que se tem a fazer, para tentar se aproximar ao máximo de alguma definição do amor, se é que existe, é meditar.

Não deve haver qualquer tipo de preocupação, pois a antecipação é inexistente no tempo do amor. Também não existe mesmo a carência, a falta de amor, pois o amor não falta, é repleto, sempre inteiro e perfeito. Se você sente solidão no amor, você está perdido no tempo, pois o amor não é do tempo e muito menos pertence. É sempre livre, feliz e eterno.

O amor (nos relacionamentos) é a maior experiência espiritual que um ser pode ter. Nada a ver com sexo ou desejo, nada a ver com corpos materiais. Sim, um pouco sim, mas tem a ver mais com o seu ser mais íntimo e profundo. Portanto, seja sempre você mesmo(a), conheça cada vez mais a si mesmo(a) e o amor virá como recompensa. 

O amor é uma recompensa que vem do além e preenche todo o seu ser. A partir daí, segue continuamente a despejar sobre você e isso traz um imenso anseio em compartilhar. 

Seja também mais e mais consciente, pois o amor é um estado de alerta de pura consciência. O amor é supremo, sempre completo. Nada existe além dele, é um florescimento permanente, contínuo. Quando sentir a presença do amor, quando o amor estiver presente, é certo que você (ego) esteja ausente.

No amor, não há o que atingir, pois não há resultado final. Também, na experiência do amor, só pode ser possível a entrega sem nenhuma condição, sem nenhuma expectativa, nem mesmo um simples agradecimento.

E então, enquanto há doação do amor, tenha certeza de que receberá o amor de fontes desconhecidas, de recantos desconhecidos, de pessoas desconhecidas, do mar, das árvores, dos rios.. de todos os ângulos da existência o amor começará a banhá-lo(a). E quanto mais você dá, mais você obtém. Pois é na entrega que tudo acontece.

domingo, 24 de outubro de 2010

Não há nada para realizar

  Isso. Não há nada para realizar. Tudo já está realizado, inclusive você mesmo. Descobrir a natureza do próprio ser só pode acontecer quando há retorno para dentro de si, com toda força. A atenção total deve ser desviada para si mesmo, longe de todas as externalidades produzidas pela mente.

John Sherman retrata de forma simples e direta o conhecimento mais elevado na forma de ensinamento de Ramana Maharshi:

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Há apenas você mesmo. A sensação cotidiana e mundana de "mim mesmo" pode desaparecer e transformar-se. Isso que é permanente, ao contrário de tudo mais. Isso que jamais se moveu, nunca mudou nem um milésimo, em toda a sua vida. Como pode ser difícil descobrir o que é permanente?

Tudo, toda experiência pode ser previamente eliminada. A experiência do corpo, do pensamento, da emoção, as experiências de enlevo, de pesar, de raiva, em suma, tudo que é impermanente. A experiência da consciência oceânica, de bem-aventurança, de consciência divina, de paz, nada disso pode ser o que você está procurando. 

O que você busca é o que é permanente, o que nunca mudou, o nunca se moveu, o que é absolutamente inevitável. Acordado, adormecido, você está presente. Sempre o mesmo.

Esta investigação consiste em usar toda a energia de sua vida para descobrir a verdade do seu ser, em vez de desperdiçá-la em todos os outros objetos nos os quais desperdiçamos nossa atenção. (...). Ramana Maharshi diz que a própria investigação é a auto-realização. É a consciência atenta, alerta e ciente de si mesma como ser eterno.


Não se pode alcançar a realização, porque você já É realização. Ninguém pode lhe dar a realização, nem tirá-la de você. Para você cumprir o objetivo de sua vida, é necessário apenas manter a sua atenção incessantemente voltada para dentro, para "eu". Voltada para esse sentido de "mim mesmo" que esteve e estará com você durante a sua vida inteira. Esta sensação de "mim mesmo", que é inevitável e inatingível, e que é exatamente a mesma para todos. Não muda para ninguém, todos a possuem.

Há duas maneiras de se abordar isto e elas são idênticas. Uma maneira é render-se absolutamente, que significa neste instante, agora mesmo, neste momento, parar de pensar. Abandonar todo sentido de si mesmo como um indivíduo. Mas quem é que consegue fazer isso? 

A outra maneira é descobrir quem você é. Busque incessantemente somente a si mesmo. Nada mais, apenas a si mesmo. Se parar de pensar, se abandonar todo sentido de si mesmo como um indivíduo, você descobrirá a si mesmo, tal como você é. Concentre toda a sua energia, todo o seu talento e intelecto no objetivo de descobrir, direta e imediatamente, a verdade de sua natureza, para desaparecer como indivíduo. Na verdade, você não desaparece, porque "você" nunca existiu, você sempre foi e sempre será. É isso que torna tudo tão fácil.

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Portanto, a única e verdadeira realidade é a sua própria existência ou você mesmo enquanto Consciência.

Om.

sábado, 23 de outubro de 2010

Divinamente tudo acontece

  Como surge o sofrimento e/ou a tristeza? 

Só podem aparecer no nível mental, ou seja, a partir do momento em que cada pensamento surge e se torna "verdadeiro". Uma situação passada triste não deveria nos fazer infeliz, devido sua inexistência no presente. No entanto, a infelicidade aparece quando algum pensamento desagradável surge a respeito de uma situação retrospectiva. 

Portanto, É a perda do momento presente que nos torna infeliz, em função de um retorno inconsciente pela ideia de um passado inexistente. Ou seja, é o retorno pela memória condicionada. A mente costuma dar voltas em torno daquilo que foge do presente. É de sua natureza. E também faz parte da consciência do ser o próprio estado mental, agitado ou silencioso, assim como faz parte também do ser habitar inúmeros corpos para experienciar infinitas possibilidades.

Enxergar o mundo sob a perspectiva de outros mundos (outras pessoas), tudo se iguala, sejam nos sentimentos, sejam nas emoções, pré-conceitos e julgamentos. O outro está ali e mesmo diferente no nível da forma e da superfície, seu coração pulsa igualmente.

Quando deixamos, abandonamos a ideia e a memoria ao passado, seja agradável ou desagradável, deixamos de conduzir e passamos a ser conduzidos pela Graça inabalável que habita o corpo, pois mesmo sem saber, divinamente tudo acontece e É como é.


quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Permaneça como uma testemunha no palco da vida

 Enquanto houver identificação, haverá sofrimento, assim como poderá haver prazer. Buscamos incessantemente por este último, mas negamos e queremos evitar à qualquer custo aquele. A dualidade na vida é inevitável, enquanto estamos presos nos seus limites. 

Nos basta compreender e aceitar tudo, a partir da mudança de nossas próprias atitutes diante desses extremos, que se tocam numa "linha fina".


Não há muito o que fazer, exceto manter-se "distante" no mais Puro estado de auto-observação, testemunhando, além de ter a clareza e o discernimento de que tudo está na mais perfeita ordem. Assim, Nisargadatta Maharaj descreve:


"Você não pode fazer nada.  O que o tempo traz, o tempo levará embora. Este é o fim da Yoga, realizar total independência. Tudo o que acontece, acontece na, e para a mente, não para a fonte do “Eu sou”. 

Uma vez que você realize que tudo acontece por si mesmo (chame a isso 'destino' ou 'Vontade de Deus', ou mero acidente), você permanece como testemunha somente, compreendendo e apreciando, mas nunca perturbado. Você é responsável somente pelo que você pode mudar. Tudo que você pode mudar é sua atitude. Aí mora a sua responsabilidade".

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Esse tempo só existe no nível da forma

  Essa vida experienciada aqui agora, assim como qualquer outra vida existente neste pequeno habitat, está sujeita ao tempo. Inevitável desconsiderar este aspecto como elemento inerente à qualquer espécie. Tudo, absolutamente tudo, no nível da forma, um dia irá expirar. Talvez seja um dos principais males que a humanidade enfrenta e que poucos relevam. Talvez seja melhor assim, ou não. O certo é que não adianta fazer nada para mudar, porque tudo há de ser assim. 


Aceitar tudo como é pode ser o caminho mais fácil em direção a paz. Quando passamos a compreender que as atividades realizadas e àquelas a realizar são todas fugazes no tempo, podemos perceber com maior clareza que o mundo não pode oferecer nada que seja permanente.

Da mesma forma, a entrega também pode ser considerada uma alternativa no caminho do auto-conhecimento. Quando nos "abandonamos" da identificação com tudo aquilo que nos atormenta, entregamos o que somos para que a própria vida seja, nos deixando conduzir leves e soltos. Continuamos aparentemente responsáveis pelas atividades, conhecendo pessoas, se envolvendo com novas experiências, mas isento de desejos, expectativas e medos criados pela mente e ego.

Assim, deixamos de exigir que situações aconteçam e deixamos de exigir do outro para atender nossa própria satisfação. O que, na ilusão, a satisfação só pode existir no nível do ego.


Portanto, ao fim, o melhor de tudo: "o milagre é que, quando deixamos de fazer exigências, deixamos de cobrar, tudo absolutamente, todas as situações, pessoas, lugares e eventos que passam pelas nossas vidas acabam se tornando momentos da mais pura satisfação, em harmonia com tudo e com todos".


A beleza e o encanto da espécie humana esconde-se atrás do mistério da vida, quer seja fugaz no seu sentido superficial, quer seja ilimitado para aqueles que caminham em direção a eternidade.

sábado, 7 de agosto de 2010

Resultados de um experimento científico na prática da meditação grupal

 O poder do pensamento e a forma como ele atua em nossas vidas é desconsiderado por muitos, se não quase a grande maioria das pessoas. Após vários experimentos, realizados por inúmeros cientistas de renome internacional, está sendo possível comprovar cientificamente o quanto a máquina humana chamada "cérebro" é capaz de fazer.

Um dos estudos que têm chamado a atenção da comunidade científica refere-se ao que se intitula de "consciência grupal", ou seja, membros de um determinado grupo podem provocar efeitos impactantes em qualquer situação quando este grupo age totalmente concentrado em um mesmo tipo de pensamento.

Posto isto, tem sido comprovado a partir de um estudo sistemático de intenção grupal os efeitos que uma prática bem conduzida de meditação pode gerar, como por exemplo, na ressonância que induz a redução de dores e determinados conflitos. 


Durante algumas práticas meditativas em grupo, quando específicas, a mente pode se sintonizar numa mesma frequência, sendo que essa frequência começa, portanto a se organizar de forma coerente, ordenando as frequências desordenadas à sua volta.

Uma prática abordada pelo estudo foi o Efeito Maharishi da Meditação Transcendental (MT), introduzido no Ocidente pelo Maharishi Mahesh Yogi nos anos 60. Dois tipos de meditação foram cientificamente estudados: 1) meditação não-direcionada e 2) meditação com intenção deliberada. No caso 2), o estudo exigia maior experiência e concentração, onde meditadores de estágio avançado escolhiam uma área de concentração e direcionavam a prática da meditação para resolver conflitos sociais e diminuir a taxa de violência naquela região.


Para validar o impacto desta experiência, foram realizados vários estudos, sendo que um deles foi testado em 24 cidades distintas dos Estados Unidos. O resultado obtido foi uma diminuição de 24% no número de crimes quando a cidade chegava a ter pelo menos 1% dos habitantes daquela cidade a praticar a meditação (MT) regularmente.


Em 1993, o National Demonstration Project (grupo de meditadores avançados em MT) focalizou Washington D.C. durante um surto de crime violentos. No decorrer de 05 meses, a taxa de violência foi caindo e quando o grupo de meditadores se desfez, a criminalidade voltou a subir. Vale ressaltar que o estudo demonstrou que o efeito não foi provocado por outros fatores externos, como medidas policiais ou campanhas anti-crimes.


Outras diferentes pesquisas foram realizadas no âmbito da resolução de conflitos globais e sociais, como às questões de embate entre Israel e Palestina, miséria no Canadá, taxa de crescimento econômico, devastação de áreas de florestas, e outros. Todas essas questões obtiveram resultados expressivos devido a prática da meditação grupal.

Essa gama de estudos pela comunidade científica, no fundo não irá alterar em nada nosso estado de ser. Entretanto, tais experimentos revelam claras evidências de que o pensamento pode afetar profundamente aspectos da vida. Assim, cada pensamento, cada julgamento, ainda que inconsciente, tem seu efeito

Portanto, talvez seja um momento bastante oportuno para apreciarmos a existência humana como uma dádiva potencialmente capaz de provocar efeitos consideráveis em qualquer disciplina de nossas vidas. Vale assim, uma reconsideração por tudo aquilo que pensamos, seja verbalizado ou não. E essa relação que traçamos com o mundo será sempre mantida, mesmo quando em silêncio.


"A resolução dos conflitos internos individuais leva à resolução do conflito global".

Adaptado de O experimento da intenção
(Mctaggart, L.)

Observação: o texto tem como objetivo apenas trazer uma menção no campo da ciência no que diz respeito a prática meditativa, sendo que a intenção de qualquer prática não é capaz de provocar alterações em nossa mais Pura Consciência, enquanto seres já plenamente realizados. Em síntese, todas estas questões são travadas portanto no campo da ilusão material, onde somente o pensamento é capaz de agir e reconhecer a forma. Na "não-forma" fica a sabedoria intrínseca daquilo que somos, em essência.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Onde quer que o "eu pessoal" toca, é dado um passo em direção ao sofrimento

O "eu" é o dedo quebrado que, onde tudo toca, experimenta a dor. Assim, Mooji me conduz à afirmação de que a identificação com este "eu" é o que traz sofrimento e dor. Onde quer que este "eu" vá, sempre haverá uma questão a resolver ou um problema. O que quer que ele toque, na ignorância da crença, traz dor a si mesmo e aos outros.

E no meio desta identificação, o "eu" imagina que a dor é causada pelo "outro", quando na verdade, ele próprio se auto-detona.

"A identificação com este "eu" está a raiz do sofrimento. Quando você escolhe o que deveria experienciar, você sofre. Quando você escolhe o que deveria aprender, você sofre. Quando você está constantemente interpretando como as coisas são ou como deveriam ser, o que você merece ou o que não merece, você sofre. Onde quer que haja orgulho, apegos, expectativas, julgamentos ou desejos, há sofrimento. Quando despertamos da ignorância para a nossa verdadeira natureza, o sofrimento é inexistente". [Mooji, Antes do Eu Sou]

domingo, 11 de julho de 2010

Toda experiência é de natureza impermanente

 A natureza da impermanência deve ser absorvida diariamente. Não há como negar sua existência, algo intrínseco à vida de quaisquer seres vivos e à própria existência. A seguir Joseph Goldstein, professor e co-fundador do Insight Meditation Society, descreve habilmente em entrevista os aspectos que envolvem a natureza da impermanência. 

Joseph Goldstein: As três características – impermanência, sofrimento e não-eu, são uma clara e sucinta descrição da natureza dos fenômenos condicionados. Quando olhamos, nós vemos que toda experiência está constantemente mudando e que é, portanto, não confiável; e esta experiência surge devido às condições e não de um desejo nosso de que as coisas sejam de um certo jeito. Entretanto, apenas a compreensão dessas três características não é suficiente. É a sabedoria que se adquire ao experienciá-las profundamente que liberta a mente do apego.
O perigo em qualquer tradição espiritual é permanecer no nível filosófico. No Budismo, podemos facilmente nos perder só no pensamento das várias listas – as Quatro Nobres Verdades, o Caminho Óctuplo, os Cinco Obstáculos, os Sete Fatores da Iluminação. É importante seguir essas formulações dos ensinamentos na sua essência e explorar como elas podem servir para a nossa libertação para que estejamos não só conectados, mas inspirados pela verdadeira mensagem de Buda. 

(...) a impermanência é tão óbvia para quase todas as pessoas que, a grosso modo, nós geralmente a ignoramos. É uma verdade tão comum que não lhe damos nenhuma importância. E no entanto, quando realmente prestamos atenção, quando trazemos energia e um interesse real para esse entendimento, quando estamos realmente e vitalmente experimentando a impermanência da nossa experiência presente, nesse momento a mente não está se apegando. Esse é um fruto imediato – a mente livre de contrações, um coração relaxado. 

Inquiring Mind: Nos ensinamentos do Buda, você acha que é dada mais importância a alguma das três características como uma porta de acesso para a libertação?
J.G: Na teoria do abhidhamma, qualquer uma das três características é potencialmente a porta para a libertação: as pessoas podem ir pela porta da impermanência, pela porta do sofrimento ou pela porta número três do não-eu. Na prática do dhamma, qualquer uma das três características se apresenta mais prontamente para pessoas de temperamentos diferentes.

Aquelas que vão pela porta da impermanência têm uma tendência para a ; aquelas que vão pela porta do sofrimento têm uma facilidade para a concentração; e aquelas que vão pela porta do não-eu têm uma sabedoria desenvolvida. 

I.M: Como é que a porta da impermanência está ligada com a fé?
J.G: Quando estou experimentando completamente a impermanência, a imagem que surge com frequência na mente, é a da prática de “rafting” em corredeiras. Nossa resposta ao perigo parece ser, ou de pânico e nos agarrarmos, ou de nos soltarmos completamente. Depois de termos passado por algumas corredeiras, desenvolvemos a fé e confiança para nos entregarmos e nos soltarmos. Nesse ponto da experiência, a fé parece ser a opção mais sábia.  

I.M: Como você descreve a impermanência?
J.G: Impermanência é a verdade básica universal e constante da mudança. Impermanência é, ao mesmo tempo, um processo contínuo de perda, no qual as coisas existem e então desaparecem, e um processo contínuo de renascimento ou criatividade no qual as coisas que não existem repentinamente aparecem.

Podemos ver isso momento a momento na meditação. Por exemplo, sons, pensamentos ou sensações continuamente desaparecendo e novos surgindo. Podemos, também, ver isso claramente em situações corriqueiras das nossas vidas. Onde foi parar nossa experiência do café da manhã lá pelo fim da manhã? Onde ficou aquela conversa que tivemos com um amigo, no dia seguinte? Algumas vezes, estamos mais conscientes das coisas novas que estão surgindo, e outras, notamos o seu desaparecimento. Mas, a mudança é sempre óbvia quando prestamos atenção.

Eu acho muito poderosa a prática de prestar atenção, momento a momento, na experiência da mudança. Ao invés de somente ficar perdido no conteúdo do que está acontecendo, é possível, simultaneamente, prestar atenção ao fato de que a toda experiência está se alterando e fluindo, sempre. Isso não é uma coisa tão difícil de se fazer, mas é mais difícil lembrar de fazê-lo.

Ser capaz de manter essa perspectiva da natureza transitória da experiência (...), ajuda a aliviar a ansiedade na mente. Por exemplo, daqui há seis meses, será que nos lembraremos da raiva ou tristeza ou mesmo da alegria desse momento? Isso não significa ser insensível ou irresponsável pelo que está acontecendo ao nosso redor, mas sim olhar com o entendimento de que tudo está sempre mudando. Nós sabemos dessa verdade de forma abstrata mas com frequência, não desfrutamos dessa sabedoria. O ponto principal, realmente, é: como usar a impermanência como um método para libertar a mente.


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Segue divulgação do Retiro Alegria de Viver, entre 21 e 25 de julho de 2010.

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quinta-feira, 24 de junho de 2010

As experiências de vida são nada mais do que modificações mentais

  


 Vrttayah pancatayyah klistaklistah. (I-5)

As modificações da mente são de cinco tipos e são dolorosas ou não-dolorosas.

Assim está escrito em Os Yoga Sutras de Patanjali, seção esta válida para estabelecermos uma relação com os nossos sentimentos. Podem ser eles dolorosos, prazerosos ou neutros, sendo todos produzidos em nossa consciência.

O sentimento é assim doloroso ou não-doloroso ou em alguns casos, podem assumir neutralidades, sem quaisquer reações de prazer ou dor. Na grande maioria das vezes, o sentimento não-doloroso é o mesmo que neutro, pois acontece quando as percepções sensoriais não despertam em nós nenhum tipo de sentimento. Por exemplo: diariamente, quando não estamos despertos, não notamos o vento que toca nossa pele, não presenciamos sequer uma árvore a nossa frente.

Por outro lado, há tipos de funcionamento da mente que despertam prazer e dor. Por exemplo: saboreamos um alimento, contemplamos um por do sol, apreciamos uma bela foto, caracterizando momentos para criar na mente sentimento de prazer. Na sua contramão, quando aspiramos um cheiro ruim ou quando olhamos uma imagem grotesca, o funcionamento da mente tende a produzir reações dolorosas.

Para todos esses tipos de modificações da mente, Patanjali classificou como sendo tipos de sentimentos que provocam dor, ou seja, todas as experiências, sejam elas de prazer ou dor, tornam-se realmente penosas para àquelas pessoas capazes de discernir as ilusões da vida real.

Torna-se uma tremenda ignorância, gerada pelas ilusões das modificações da mente, considerarmos o prazer em experiências que são fonte potencial de dor

Apesar da visão aparentemente pessimista, o objetivo maior aqui é criar esta classificação apenas para demonstrar que: todas as nossas experiências de vida, no domínio da mente, consistem em modificações mentais e nada mais.

E os cinco tipos de modificações da mente que tendem a provocar prazer ou dor são: conhecimento correto, conhecimento errôneo, fantasia, sono e memória.

Referência: A Ciência do Yoga [I. K. Taimni]

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Veja a si mesmo na quietude da mente


Trata-se de um dos livros mais profundos que tenho lido e que constantemente me deixa "confuso", a ponto de ir profundo no auto-questionamento. Nisargadatta Maharaj diz coisas que vão além de qualquer sentido relativo. Em Eu Sou Aquilo, quando fala sobre a "Consciência é Livre" (pág. 210), questionaram-o sobre a existência da Consciência:

P: Todos estão conscientes, mas nem todos estão acordados para a Consciência.
M: Não diga: "todos estão conscientes". Diga: "há consciência" na qual tudo aparece e desaparece. Nossas mentes são apenas ondas no oceano da consciência. Como ondas, vão e vêm. Como oceano, são infinitas e eternas. Conheça a si mesmo como o oceano do ser, o útero de toda existência. Certamente, tudo isto são metáforas; a realidade está além da descrição. Só sendo a realidade se pode conhecê-la.

P: Vale a pena buscá-la?
M: Sem ela tudo é problema. Se quer viver de maneira sã, criativa e feliz, tendo infinitas riquezas a compartilhar, busque o que você é. Enquanto a mente estiver centrada no corpo e a consciência na mente, a Consciência é Livre. O corpo tem seus impulsos e a mente, suas dores e prazeres. A Consciência é desapegada e inabalável. É lúcida, silenciosa, pacífica, viva, sem desejo, nem temor. Medite nela como em seu próprio ser e tente sê-la em sua vida diária e você compreenderá em toda sua plenitude.

A mente está interessada no que acontece, enquanto a Consciência se interessa na própria mente. A criança vai atrás do brinquedo, mas a mãe observa a criança, não o brinquedo. Observando incessantemente, esvaziei-me por completo e, com esse vazio, tudo regressou a mim, exceto a mente. Descobri que havia perdindo a mente irreparavelmente.

P: Você está inconsciente enquanto está falando?
M: Não estou nem consciente nem inconsciente, estou além da mente e de seus vários estados e condições. As distinções são criadas pela mente e se aplicam apenas para a mente. Sou a mais pura consciência, ela própria, a Consciência íntegra de tudo o que É. (...) As distinções e separações que constituem uma pessoa, não me distraem. Enquanto o corpo durar, ele terá suas necessidades como qualquer outro, mas o processo mental terminou.
P: Você se comporta como uma pessoa que pensa?
M: Por que não? Mas meu pensamento, como minha digestão, é inconsciente e propositado.

P: Se seu pensamento é inconsciente, como você sabe que ele está correto?
M: Não há nenhum desejo, nem temor que o impeça. Dessa forma, o que pode torná-lo incorreto? Uma vez que me conheço e o que represento, não necessito verificar-me todo o tempo. Quando você sabe que seu relógio marca a hora correta, você não precisa duvidar dele toda vez que o consulta.

(...)

P: Permita-me perguntar como você chegou a sua presente condição?
M: Meu mestre falou-me para agarrar-me tenazmente ao sentido "eu sou" e não desviar dele nem por um momento. Simplesmente, segui seu conselho e, em um tempo comparativamente curto, compreendi, dentro de mim mesmo a verdade de seu ensinamento. Tudo o que fiz foi lembrar constantemente seu ensinamento, seu rosto, suas palavras. Isto acabou com a mente e, na quietude da mente, vi a mim mesmo como sou ilimitado.

jaya om bhagavan!!!

domingo, 30 de maio de 2010

O que tanto procura?


Cada dia uma porta se abre e outra se fecha. Tantas emoções vivenciadas em inúmeras tentativas de ser mais feliz. Tudo isso que buscamos (sic) estará assim tão distante e separado de nós?

Como está dito em Abrindo Portas Interiores, de Eileen Caddy, em 30/05 (adaptado), no caminho da devoção e do conhecimento:

Você pode saber sobre as verdades espirituais, mas só quando aplicá-las e demonstrá-las em sua vida diária é que elas vão se tornar realidade e vão se incorporar a você. Você tem que ser o dono de seus próprios pensamentos, de sua vida e da maneira como resolve seus problemas. Você precisa se sustentar sobre suas próprias pernas e não ficar esperando que os outros assumam responsabilidades que são suas.

Recolha-se e procure dentro de si pela resposta e você encontrará. Pode levar algum tempo. Pode ser que você tenha que aprender a ser paciente e esperar por Mim, mas se sua fé for suficientemente forte, você encontrará tudo que busca. Aprenda a se esticar, a crescer e a se expandir. Aprenda a se nutrir da fonte de todo poder e conhecimento, de toda sabedoria e compreensão. Venha a Mim, o Senhor seu Deus, a divindade que existe dentro de você. Eu jamais o abandono ou o renego.

Jaya Sri Bhagavan!

Vida, tempo e riso


Enquanto aqui, vivencio o tempo,
amadurecendo o ter (?),
e buscando permanecer no Ser,
Puro e Real...

Que tempo é este?
Duro na condição do passado e do futuro...
mais e mais espaço, Presente, vivo e infinito,
dualidade da vida, necessária, 
para poder distinguir e reconhecer a Verdade.

então, enquanto estou,
nada me pertence,
e não posso ser pertencido,

nada daqui posso levar,
e assim, nada posso possuir,
exceto a mim mesmo.

tudo,
que seja assim,
sem distinção, 
Unidade,
Simplicidade...
se há tristeza, que assim seja,
se há beleza, que assim seja..
quer assim seja,
que seja Puro,
AmOr e Riso.

domingo, 23 de maio de 2010

Existe Algo que É Intocável

A história pode sempre se repetir ou quase sempre ela se repete. Pode mudar o cenário, os personagens, mas tudo continua o mesmo quando estamos presos na superficialidade dos condicionamentos da vida. A gente quer sempre estar no "melhor" lugar  (só que às vezes, nem sempre dá muito certo!), a gente sempre está buscando a felicidade ali longe ou no outro.

É decepcionante e uma grande ilusão depositar a felicidade fora. Como podemos ser tão incoerentes? Se quem sente a felicidade somos nós, se a felicidade vem de dentro, como que O outro ou "aquela coisa", pode assim mudar o nosso estado interno? A gente jamais deveria se abalar pelo que acontece fora de nós. Seja uma notícia boa ou ruim, nós deveríamos permaneSer sempre o mesmo, ou melhor, a "gente" (sic) permanece... quem se altera, é a mente doida. Quero dizer, não é agir com frieza de estado, mas sim pela serenidade de permanecer centrado, na presença do nosso Ser, inabalável, imanente e puro.

Aconteça o que for, existe Algo que é intocável. Lá no fundo, uma presença de paz permanece, independente do contexto aqui fora. Não há muito que fazer, porque Tudo já está feito. Tudo já É como tem que ser, porque nosso Ser não vai se alterar jamais.

terça-feira, 11 de maio de 2010

O verdadeiro olhar inteligente é aquele em que olhamos pela 1a vez para nós mesmos


A realidade criada pela mente é verdadeira?! Difícil ter a percepção entre o que é imaginário e o que é real. Fácil é se ligar a mente e acreditar em tudo aquilo que ela diz. Existem inúmeros eventos que se interligam, ou seja, conexões que de alguma forma até mesmo a mente elabora para evitar o sofrimento. No entanto, trata-se de uma crença ou realidade?

No fundo, tudo isso são apenas histórias e dramas contadas individualmente, que se manifestam no coletivo, e rompem barreiras do desconhecido. Querer descobrir a verdade, entretanto é o mesmo que tentar iluminar o sol com um farol.

Nessa busca toda, entre reconhecer a verdade por detrás dos eventos e na viagem contada pelas experiências vividas pelas história até então, talvez tenha encontrado uma resposta simples, relatada por John Sherman, em RiverGanga.

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O mesmo ocorre com a auto-investigação. Não espere uma mudança de perspectiva ou um estado espetacular, pois não é isto que a verdade lhe traz. A verdade não é algo novo, e a verdade traz unicamente a verdade, retirando de você a mentira que é a única causa do seu sofrimento. Muitas experiências podem ocorrer, boas e más, conforme a mentira se arrefece e a necessidade de controlar as coisas morre com ela, mas elas não significam nada. Aos poucos, cada dia você se sentirá melhor, independentemente da natureza das experiências que vão e vêm em você. E por fim, você estará em paz com tudo. Como sempre esteve.

Pode contar com a continuação do ego e, com ele, o drama da história da sua vida, mas ele significará cada vez menos para você, pois perderá a sensação de importância desesperada que tem agora. Afinal de contas, o ego não é o problema. A mentira de que o ego é você, este é o único problema.

E lembre-se sempre: você não tem como errar. A única coisa necessária é a intenção firme de olhar para si mesmo diretamente, sempre que puder, e tudo mais se resolverá por si mesmo.

A verdade é que todo o esforço que fazemos ao longo desta vida consiste em manter a nossa atenção fixa nos objetos que aparecem na consciência e afastada da realidade do nosso ser.

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Portanto, talvez a única e verdadeira intenção e desejo que devemos ter nesta vida é a de olhar para dentro. Buscar sempre as respostas dentro de si, distante dos pensamentos. Ir em direção ao reconhecimento de nossa verdadeira natureza, dos aspectos mais profundos de nossa existência, abandonando de uma vez por todas a ideia que fazemos de nós mesmos, deixando portanto de acreditar nos nossos pensamentos.

Om.

sábado, 1 de maio de 2010

Esta suposta realidade pode ser um tremendo sonho

Estamos sujeitos a uma realidade, que no fundo, pode ser um grande sonho emergindo no espaço de nossa própria consciência. Não me refiro exatamente ao sonho do sono e sim, ao que estamos vivenciando aqui e agora. Como podemos distinguir o sonho da realidade? Como saber se o que estamos vivendo é realmente real? 

A "pura certeza" da existência da matéria não pode ser suficiente para acreditar na realidade. Então, eu voava bem alto. Enquanto dormia, sonhei que estava nas nuvens e era tão profundo que eu tinha absoluta certeza de que estava acordado. Mas, quando realmente acordei do sono, caído ao lado da cama, me deparei que tudo aquilo não era realidade que eu imaginava ser. Ilusão! Então, qual a diferença entre o que vejo e o que imagino? É tudo um sonho? O que é realidade?

Todo tipo de interpretação, seja no sonho, seja no estado de vigília, são criações da mente. Então, tanto faz, tanto fez, porque na verdade, tudo está naquilo que acreditamos ou não acreditamos. No entanto, entre essa crença e descrença há um pequeno espaço. E, talvez aí, nesse pequenino, mas tão elevado momento, esteja a pura consciência emergindo em direção àquilo quem realmente somos.

John Sherman propõe exatamente isto, ao sustentar a ideia de Sat-Guru Ramana Maharshi, descrevendo:

Eis a promessa: se você parar um momento, sempre que puder, sempre que se lembrar, e voltar a sua atenção consciente para esta experiência nua e crua de existir, que é tudo que você é, seu sofrimento imediatamente começará a diminuir e a fumaça quente e espessa de falsidade, confusão, dúvida e medo que encobre a mente começará a se dissipar. E, nas próprias palavras de Ramana, tudo vai dar certo no final.  
 
Na verdade, este exame, esta auto-investigação não é um caminho nem um método para se alcançar a Realização; ela É a Realização e cada momento que você passa com a sua atenção repousando na experiência de existir é passado em total e consciente realização da Realidade.


E se você continuar com esta prática e torná-la parte de sua vida, toda a falsidade finalmente desaparecerá e o que sempre esteve aqui, a paz, a naturalidade e o amor incondicional serão revelados, completa e permanentemente, de uma vez por todas. 

Hare Om Tat Sat!

sábado, 24 de abril de 2010

Karma Yoga

 "Firme no Yoga, faça o seu trabalho, ó conquistador da riqueza [Arjuna], abandonando o apego aos frutos dele e mantendo a mesma atitude na vitória ou na derrota, pois Yoga é eqüanimidade da mente." Bhagavad Gita, II:48

quarta-feira, 21 de abril de 2010

livremente eleve sua mente

Cessa tudo,
então, acessa o nada,
assim descobrirá na vacuidade,
a liberdade...

voa, voa longe...
sem medo,
então perceberá a doçura,
de uma vida livre...

ama, ama sempre...
a si mesmo,
então reconhecerá profundo,
tudo no seu próprio mundo,

e deixe, deixe tudo,
pois disso, disso tudo,
tudo vai embora,
mudo...


quarta-feira, 7 de abril de 2010

Nada pode perturbar o meu Ser

O que demanda toda minha energia, levando-me a ter experiências de sofrimento e prazer, são os constantes pensamentos que surgem e desaparecem em minha mente, afetando assim meu estado emocional, espiritual e, às vezes, podendo somatizar ambos no corpo físico. Assim, prazer e sofrimento, refletem apego e aversão. Devido aos condicionamentos passados, há uma tendência em querer experimentar sempre a mesma sensação de prazer (apego), assim como quero evitar quaisquer experiências desagradáveis (aversão).

É muito comum isso. Enquanto preso no mundo da dualidade, vida e morte estarão sempre presentes, lado a lado, e o discernimento daquilo que É, aceitando a realidade tal como ela está sendo concebida, se perde por completo: como uma nuvem de fumaça, que distorce a visão e prejudica a respiração.

No entanto, no fundo, bem lá no fundo, profundo em meu coração, nada absolutamente pode perturbar a minha paz, pois não existem diferenças entre o bem e o mal, entre a natureza da destruição e da criação, entre um pensamento e outro. Assim, nada me toca, exceto a minha própria Paz e o meu próprio mundo, recheado de Sat-cit-ānanda.

Om.

sábado, 27 de março de 2010

No verdadeiro silêncio você é capaz de reconhecer aquilo que É

O silêncio cria espaços e oportunidades. Ao contrário do que muitos pensam (sic), permanecer imerso no campo do silêncio amplia simultaneamento o campo das possibilidades. É incrível reconhecer que mesmo durante este estado, tudo acontece, tudo absolutamente se move, por mais paradoxal que seja. Entre tantas justificativas, recordações e conclusões que a mente persegue ininterruptamente, ir ao encontro deste espaço silencioso enobrece a alma e promove uma paz permanente, cheio de estabilidade e integridade.

Assim, não há nada para temer. Não há nada de fora para se preocupar, porque no fundo esta quietude já é você, já lhe pertence como sendo um dos aspectos de nosso próprio Ser, inato, sempre Puro, Real e isento de quaisquer apegos, sofrimentos e aprisionamentos.

Seja feliz. Om.

domingo, 7 de março de 2010

Desejo e medo vêm da visão de mundo como algo separado de você mesmo

Tanto a dor, quanto o prazer são aspectos da consciência (i)limitada. Permanecer em ambos, independente de qual seja, traz infelicidade. A pureza do coração independe de qualquer sensação e/ou sentimento e/ou pensamento. Tudo é como é e a manifestação dos diferentes estados de alegria, tristeza, emoção, depressão, etc são apenas estados de alerta para a tomada de consciência. Pura e ilimitada, perceber a realidade tal qual ela é, nos torna unidos e em comunhão com o Todo, sendo portanto parte dEle.


Nisargadatta Maharaj, em I am That (Eu Sou Aquilo), refere-se a eliminação de todo desejo e medo para que possamos criar nosso mundo cheio de paz e harmonia.


N.M: Desejo e medo vêm da visão do mundo como separado de mim mesmo. Assim como você pensa ser, do mesmo modo, você pensa que o mundo seja. Se você imagina-se separado do mundo, o mundo aparecerá como separado de ti e você experimentará desejo e medo. Eu não vejo o mundo como separado de mim, e assim não há nada para eu desejar ou temer.

N.M: Não há caos no mundo, exceto o caos que você cria em sua mente. Ele é autocriado no sentido de que em seu verdadeiro centro há uma ideia de si mesmo como algo diferente e separado das outras coisas. Na realidade você não é nada disso e nem está separado de nada.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Gate Gate Paragate: caminhando em direção ao além...

Está sendo um grande desafio aprender, em particular, este voluntariado. Trabalhar com velhinhos "abandonados" tem me levado a conhecer melhor diferentes aspectos da vida, antes escondidos, e que agora se manifestam tão viva e claramente. Tais revelações deveriam fazer parte do conhecimento intrínseco a qualquer ser humano, mas esquecemos que a vida é passageira e impermanente. 

Dentre eles, talvez a flacidez seja o aspecto mais visível no decorrer da velhice. No entanto, perceber o declínio da capacidade de raciocínio, lógica e consciência, manifestada pelo fardo condicionado de vidas e vidas, chega a ser deprimente. Não é raro perceber a insanidade quando você se depara com a realidade de infinitos mundos vivendo à beira da morte, como se ali, muitos estivessem na expectativa de uma outra vida após esta, ou simplesmente, desesperançosos, ignorantes quanto ao que pode acontecer pós-vida.

Esta confusão toda que minha mente percebe ao observar a situação daqueles "velhinhos", no fundo, nada mais são do que minha própria condição. A doença alheia me pertence se me identifico com ela. Manifesto dor quando faço dela um espelho. Está sendo difícil tratar este momento, internamente. A cura deste mal diz respeito unicamente a mim. Por quê, no fundo, se vejo insanidade, loucura, mazelas, doenças, desprezo, etc, tudo isto sou eu mesmo. O mundo de cada um é único e exclusivamente "dispensável" ao outro. Vivenciar a doidera alheia pode ser de grande ajuda pro outro, mas também pode ser uma tremenda ilusão para si mesmo. Por isso, o caminho é sempre este, individual, único e intransferível...

Estou 1): em estado de observação cada vez mais do meu estado interno...

Estou 2): em estado de atenção quanto aos meus pensamentos, buscando perceber que o mundo que vejo nada mais é do que tudo aquilo que penso a respeito dele...

Estou 3): em estado de realização quanto a percepção dos múltiplos aspectos da vida, principalmente quanto às rápidas mudanças que podem ocorrer inesperadamente, observando sempre a impermanência dos eventos...


Assim, busco o desapego consciente não só daquilo que pode me fazer sofrer, mas também daquilo que pode me fazer ter prazer. Pra mim, ambos manifestam respectivamente, repulsão e desejo e, como estou em 3) e, sendo assim passageiro: Gate Gate Paragate Parasamgate Bodhi Svaha...

Om. 





Gate Gate Paragate
Universum Musica

Vá além de sua mente então você pode ver que o amor é a maior dádiva de Deus para nós.
 

A descoberta da centelha divina do amor é o motivo pelo qual você foi colocado nesta terra, mas a mente humana tem traído o amor, liberte-se destes fardos.

Só em liberdade pode surgir a flor do Amor,
a partir do primeiro batimento cardíaco, todo ser humano anseia por amor.
 

Não há maior sabedoria para o homem do que o amor
Deus abriu o caminho para você tornar-se o Amor,
para ser o Amor
você só precisa remover a poeira de dentro...

pois tudo que você precisa já está aí dentro de você
 

renda-se e abra o seu coração,
ele pode encontrar a centelha divina do amor dentro de si...
então você se realiza.

Há muitos caminhos que levam a Deus 

o caminho do coração é o mais curto.

O amor é Deus, E Deus é amor.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

O Eu é sempre perfeito e puro

Estados alterados da consciência só podem ser considerados "alterados" quando há identificação com o ego. A Consciência dita Suprema por si só não se altera, ela é sempre a Mesma, permanece no Real e no Absoluto.

Em "Os Ensinamentos de Ramana Maharshi, em Suas Próprias Palavras", consta uma descrição a respeito deste estado.

D: O que é samadhi?
B: No yoga o termo é usado para indicar um certo tipo de transe (ou absorção meditativa), e há vários tipos de samadhi. Mas o samadhi sobre o qual estou falando é diferente; é sahaja samadhi. Nesse estado você permanece calmo e sereno durante a atividade. Você percebe que é movido pelo Eu Real dentro de você, e permanece não afetado por qualquer coisa que você faça, diga, ou pense.

B: Tanto o homem Realizado quanto o não-realizado tem sensações. A diferença é que o não-realizado se identifica com o corpo que tem sensações, enquanto que o Iluminado sabe que tudo isso É o Eu Real, que tudo é Brahman (O Absoluto). Se há dor deixe-a ser; ela também faz parte do Eu, e o Eu é perfeito.

D: Podemos pensar sem a mente?
B: Os pensamentos podem continuar, assim como as outras atividades. Eles não perturbam a Consciência Suprema.

B: Se você agarrar-se ao Eu Real, o surgimento das imagens não irá enganá-lo. Também não vai mais importar se as imagens aparecem ou desaparecem.

Isto!

Longe de todas as amarguras que a mente impõe, existe portanto um estado (interno) que não é afetado por quaisquer situações externas. Isento de apegos relacionados aos nossos sentidos e distante de desejos associados a falsas ilusões, dissolver o ego na Existência nos permite conhecer mais de perto o conceito de eternidade ou Vida Eterna.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Namaste simplesmente Namaste

Pra quase tudo, existem diferentes modos de interpretação, assim como existem inúmeros caminhos a seguir. Uma palavrinha tão bonita teve seu significado "inscrito" em um vídeo composto por apenas uma voz ao final: "namaste", e com um belíssimo significado: 

"the Divine within me bows to the Divine within you" ou 
"o Divino em mim reverencia o Divino que há em você".

No entanto, ao conversar com um amigo vaishnava da tradição vedanta, ele me disse o seguinte: "__ Como que Deus pode saudar/reverenciar a Ele próprio?!"

Um tanto pertinente e interessante a colocação, embora o significado esteja além de um simples cumprimento verbal. Então, fica a reflexão:

"__ Eu e tu somos Um"
"__ Eu respeito e reverencio o meu Eu em você"
"__ Eu saúdo e desejo o meu melhor à você"
"__ Meu Eu Real agradece por você existir aqui agora"

...

Om.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Satsang w/ Mooji: Laughing Budhas

Em 11 de fevereiro de 2009 aconteceu um Satsang com Mooji em Tiruvannamalai, estado de Tamil Nadu, Sul da Índia. Irresistível não entrar na vibe! (risos)

Relaxa.
Livremente, livrei-me da mente por alguns instantes.

Bom! (risos)




Abaixo segue a tradução. Liga o som!

D: Ei, Mooji, me dei conta que tudo sobre mim é uma fraude, é falso e não existe.
D: Eu sinto muito isso na sua presenca, aonde tem este queimar e este conforto.
D: Eu vi que eu não existo e que tudo que eu faço pra criar um "Denis" falha. Não tem nada lá. Não há absolutamente nada. De onde esta risada está vindo? (risos)
D: Não posso parar, tudo sacode; é isso que tenho pra dizer pra você! (risos)

M: Sim, muitas pessoas querem saber "eu, Denis não existo!", mas se você disser isso em qualuqer lugar eles vão te trancafiar num manicômio! (risos)

M: Arunachala é um lugar especial porquê aqui só você existe e você está sempre em boa companhia (risos) então isso é um segredo que você tem que deixar só aqui (risos).
M: Sabe não fale isso pro seu chefe "Eu não existo!" (risos) Oh Deus!

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Toda sensação é como uma onda no mar

A Vida se resume às sensações. Confesso que às vezes, sou um tanto surpreendido por elas. É tão engraçado, mas não importa muito a surpresa do momento. Sejam sensações agradáveis, sejam desagradáveis, seja na cobiça pelo prazer, seja na aversão à dor, elas simplesmente surgem e desaparecem. E, sendo assim uma característica como parte de sua própria natureza, assim aprendo com a vida, assim aprendo com as sensações. Assim, aprendemos na meditação vipassana.

Portanto, nada posso fazer, exceto observar a impermanência de tudo e praticar cada dia mais o desapego.

ૐ Om Shanti Om ૐ

sábado, 30 de janeiro de 2010

O pensamento-eu é a raiz de todos os nossos problemas

Incansavelmente, me questiono e deparo defronte ao meu ser ou ao meu "eu". Incerto e enganado pelos pensamentos sobre quem sou, surge a dúvida e assim, a busca permanece. 

Ramana Maharshi afirma que "depois desse pensamento-eu surgir, todos os outros pensamentos surgem; assim, o pensamento-eu é o pensamento raiz... e se a raiz for cortada, todo o resto cai também". 

Então, questionaram para Ramana:

S: Mas como eu devo fazer isso?
R: O "eu" está sempre aí, que seja no sono profundo, no sonho ou no estado de vigília. Quem dorme é o mesmo quem está falando agora. Sempre existe o sentimento de "eu". Se não fosse assim, você estaria negando a sua própria existência. Mas ninguém nega que você existe.

S: Eu ainda não entendi. Você está dizendo que o "eu" agora é o falso "eu". Como eliminar o falso "eu"?
R: Você não precisa eliminar nenhum falso "eu". Como pode o "eu" eliminar a si mesmo? Tudo o que você precisa fazer é encontrar a Fonte do "eu, e permanecer lá. O seu esforço só pode levá-lo até este ponto. A partir daí o Transcendental vai tomar conta de si mesmo. Você não pode fazer mais nada então. Nenhum esforço pode chegar até Ele.

S: Seu "eu" existo sempre, aqui e agora, por que não sinto isso? 
R: Quem diz que você não sente? O Eu Real ou o eu falso? Investigue e você descobrirá que é o falso eu que o diz. Este falso eu é o obstáculo que deve ser removido para que o verdadeiro Eu possa deixar de estar oculto. O sentimento "eu não realizei" é o obstáculo à Realização. Na verdade já há a Realização. Não há nada mais a ser realizado. Se houvesse, a realização seria algo novo que não existia antes, mas que acontecerá em algum momento no futuro; mas tudo o que surge também desaparece. Se a Realização fosse algo assim não seria eterna e, sendo transitória, não valeria a pena ser encontrada. Portanto, o que nós buscamos não é algo que vai começar a existir, mas sim aquilo que existe eternamente mas que está velado por nossas obstruções mentais. Tudo o que precisamos fazer é remover essas obstruções. O Eterno só não é reconhecido como tal devido à ignorância; logo, a ignorância é o obstáculo. Livre-se dela e tudo estará bem. A ignorância nada mais é do que o pensamento-eu - descubra sua fonte e ela desaparecerá.

Portanto, devemos buscar profundamente a raiz do problema, a fonte do "eu". Descobrindo a origem deste "eu", todos os problemas desaparecem e o que permanece é o puro Eu Real.

Om. Metta.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Imerso: Uniluz, Pacha Mama e Vipassana

Viajar é bom: ampliam as possibilidades, revigoram e enobrecem o nosso ser, traz conhecimento, experiência e nos enriquecem culturamente. Mas mais do que isto, realizar viagens nos permitem ir ao encontro de si, principalmente quando ela é "solitária". 


Estar em Nazaré Uniluz durante o reveillon 2009-2010 foi uma dádiva, uma benção. O ambiente de lá sempre nos proporciona um acolhimento inigualável, tamanha amorosidade presente em cada encontro. A harmonização dos espaços, a atenção plena e o compartilhar em grupo são atividades básicas maravilhosas que permitem uma integração interna mais absoluta, a partir do externo, nos preenchendo por completo. Ir embora é sentir o quanto tudo que acontece ali é mágico e que não há palavras para descrever o sentimento que fica.

Agradecimentos: Trigueirinho e Sarah (presença), Rô, Paloma, Eleonora, Adélia, Be e equipe (unidade), Sussumu e Mario (yoga), Lia (yoga-sangha), Elza (Iyengar), Geraldo (argiloterapia), Lucia (biscoitos), Vânia (Um Curso Em Milagres), Isabela (Feldenkrais), Valéria (Visão Futuro e yoga), Rodrigo (vigília), Flávia (Visão Futuro), Nani (Arq-Yoga), Lena (Danças Circulares e Origami), Verônica (Origami), Reni (prana), Raquel-RJ (observador), Vanessa (viagem), Megan (Osho), Regina (budismo-terapia), Raquel H. (diário). E você que eu esqueci!
 


Dentre inúmeras comunidades existentes pelos arredores do mundo, Pacha Mama, localizada na Costa Rica, se destaca pela sua extensão, não somente física, mas também em diversidade cultural, liberdade de expressão e estilo de vida e, tudo aliado ao convite para uma enorme transformação espiritual e celebração pela vida. Estive presente ao participar de 2 cursos (Body Cleanse e Yoga Intensive) durante a 1a quinzena de 2010, Ambos me trouxeram uma maior clareza interna, literalmente, a partir da desintoxicação física seguida da fluidez dos movimentos induzidos pela prática da Yoga. Com certeza, é um lugar que merece retorno.

Agradecimentos: Tyohar (presença), Kiwary, Pura Vida (welcome), Umina, Sashi and Maria (Body Cleanse Team), Adya (Yoga), Marina (sinc), Justin, Nichols, Chandra, Ganga, Erika (Body Cleanse Group), Satori Mu (vipassana), Veet Manu (Germain Yoga), Shakira (exchange $), Shana (raw food tips), childrens happy vibe, Amy e Barb (hostel) and you I forgot the name!

Após percorrer milhares de kilômetros, chegar em Miguel Pereira-RJ para uma jornada de nobre silêncio em Meditação Vipassana, logo após convivência acolhedora e em comunhão com as pessoas do mundo todo, foi um grande desafio. Mesmo sendo pela 2a vez, as dificuldades foram muitas. Sentar em silêncio, durante longo período é exigente, não só física, mas principalmente, emocional+mente. No fundo, tudo isso não importa, porque anicca (impermanência) prevalece e uppekha (equanimidade) deve estar presente.

Agradecimentos: Goenka e Arthur Nichols (presença), Leo e equipe (gerentes), André (cia), Ale, Ujaya e Tais (cia e samjaya), André2 e Angelo (brothers de quarto), Marcio (sineiro), Leticia (OSDE e cia), Paul e equipe (limpeza sala de meditação), Kashi (surpresa), Daniel, Matheus, Marcelo e outros (old students) e você que não lembrei o nome!

Em resumo, após este mês peregrinando, só devo reverenciar a vida e agradecer (sempre) por tudo que aconteceu. Independente da história e do aprendizado, além da realização, o que permanece é apenas mais uma sensação. E o que mais temos a fazer neste momento é simplesmente OBSERVAR esta sensação e, nesse conjunto todo, respirar uppekha e sentir cada dia mais presente anicca percorrer nossos caminhos.

Om. Metta.
(clique nas imagens para ampliar)



Costa Rica: Nosara Beach




Adventure on Small Plane




Conexion Airport



Welcome PM




Silent Path





Abide in Silence




Osho Hall




Wild Treats Bar: Raw Food




Garden Mama


Restaurant: Food a Vida



Casita 3: Raccon



Shower Nature



Breathing Mama


Stillness


 

Body Cleanse Partial Group

 
Celebration Life (1/2)


 
Celebration Life (2/2)


 
Welcome to the Jungle


 
 Abide in Yourself


 
Meditation Air



 
Color Mind



 
Espiritual Rainbow

Review

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