sábado, 24 de agosto de 2013

A Paz Que Está Além da Mente


A mente é O INSTRUMENTO que sabe. A sensação é a característica da felicidade ou infelicidade, do gostar ou do não gostar. Quando a mente se entrega a essas coisas dizemos que ela se apega ou assume que essa felicidade e infelicidade merecem ser guardadas. Esse apego é uma ação mental, essa felicidade ou infelicidade é a sensação.

Quando afirmamos que Buda nos disse para separar a mente da sensação, ele não quis dizer literalmente colocá-los em lugares diferentes. Ele quis dizer que a mente deve conhecer a felicidade e a infelicidade. Quando estamos sentados em samadhi, por exemplo, e a paz preenche a mente, então a felicidade pode vir, mas ela não nos atinge, a infelicidade pode vir, mas não nos atinge. Isto é o que quer dizer SEPARAR A SENSAÇÃO DA MENTE. Podemos compará-lo com a água e óleo numa garrafa. Eles não se combinam. Mesmo se você tentar misturá-los, o óleo permanece como óleo e a água permanece como água. Por que ocorre isso? Porque eles possuem densidades diferentes.

O estado natural da mente não é nem de felicidade nem de infelicidade. Quando uma sensação entra na mente então a felicidade ou infelicidade surge. Se tivermos ATENÇÃO PLENA então entenderemos a sensação agradável como sensação agradável. A mente que sabe não irá se agarrar a ela. A felicidade se encontra ali mas está "do lado de fora" da mente, não está enterrada dentro da mente. A mente simplesmente sabe disso com clareza.

Se separarmos a infelicidade da mente, isso significa que não haverá sofrimento, que nós não o experimentaremos? Sim, nós o experimentamos, porém sabemos que a mente é mente e a sensação é sensação. Nós não nos agarramos a essa sensação ou a carregamos conosco. O Buda separou essas coisas através do conhecimento. Ele sofria? Ele conhecia o estado de sofrimento mas não se apegava a ele, dessa forma dizemos que ele extirpou o sofrimento. E também havia a felicidade, mas ele conhecia essa felicidade, quando ela não é conhecida, é como um veneno. Ele não a tomou como parte de si mesmo. A felicidade ali estava através do conhecimento, mas ela não existia na sua mente. Dessa forma dizemos que ele separou a felicidade e a infelicidade da sua mente.

[Uma versão condensada de uma palestra proferida para o Chefe Conselheiro Particular da Tailândia, Sr. Sanya Dharmasakti, em Wat Nong Pah Pong, 1978]

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