sábado, 8 de janeiro de 2011

É seu desejo de apegar-se a algo que cria o problema

  Então, questionaram Nisargadatta Maharaj:

P: Qual é o seu estado no momento presente?
NM: Um estado de não-experimentação. E nesse estado, toda experiência está incluída.

P: Você pode entrar na mente e no coração de outro ser e compartilhar sua experiência?
NM: Não. Tais coisas requerem treinamento especial. Sou como um comerciante de trigo. Sei pouco sobre pães e bolos. Posso mesmo não conhecer o gosto de uma papa de trigo. Mas sobre o grão de trigo sei tudo e o sei bem. Eu conheço a fonte de toda experiência. Mas as inumeráveis formas particulares que a experiência pode tomar eu não conheço. Nem tenho necessidade de conhecer. De momento a momento, o pouco que necessito saber para viver minha vida, de algum modo, acontece que o sei.

P: Sua particular existência e minha existência particular, existem ambas na mente de Brahma?
NM: O universal não é consciente do particular. A existência como uma pessoa é um assunto pessoal. Uma pessoa existe no tempo e no espaço, tem nome e forma, início e fim. O universal inclui todas as pessoas e o absoluto é a raiz de tudo e está além de tudo.

P: Não estou interessado na totalidade. Minha consciência pessoal e sua consciência pessoal, qual o elo entre as duas?
NM: Qual pode ser o elo entre dois sonhadores?

P: Podem sonhar um com o outro.
NM: Isto é o que as pessoas estão fazendo. Todos imaginam os "outros" e buscam ligação com eles. O buscador é o elo, não há nenhum outro.

P: Seguramente deve haver algo em comum entre os muitos pontos de consciência que nós somos.
NM: Onde estão os muitos pontos? Em sua própria mente. Você insiste que o mundo é independente de sua mente. Como pode sê-lo? Seu desejo de conhecer a mente de outras pessoas deve-se ao desconhecimento de sua própria mente. Em primeiro lugar conheça sua própria mente e descobrirá que a questão de outras mentes não surgirá de forma alguma porque não existem outras pessoas. Você é o fator comum, a única ligação entre as mentes. Ser é consciência; "eu-sou" aplica-se a todos.

(...)

P: Se meu mundo é meramente um sonho e você é uma parte dele, o que você pode fazer por mim? Se o sonho não é real, se não tem ser nenhum, como pode a realidade afetá-lo?
NM: Enquanto dura, o sonho tem um ser temporário. É seu desejo de apegar-se a ele que cria o problema. Deixe-o ir. Pare de imaginar que o sonho é seu.

(...)

P: Há sentimentos no sonho que parecem reais e duradouros. Desaparecem no despertar?
NM: No sonho, você ama uns e não ama outros. Ao acordar o, você descobre que é o próprio amor que a tudo abraça. (...) amar em liberdade é amar a tudo e a todos.

P: As pessoas vêm e vão. Ama-se quem se encontra, não se pode amar a todos.
NM: Quando você é o próprio amor, você está além do tempo e dos números. Amando um você ama a todos, ama cada um. Um e todos não são incompatíveis.

("Eu Sou Aquilo" - 'Conversações com Sri Nisargadatta Maharaj' )

Um comentário:

Ventos de Pz disse...

Iluminado seu blog Muni, parabéns!! Voltarei mais vezes! Namastê. Lilian

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