quinta-feira, 24 de junho de 2010

As experiências de vida são nada mais do que modificações mentais

  


 Vrttayah pancatayyah klistaklistah. (I-5)

As modificações da mente são de cinco tipos e são dolorosas ou não-dolorosas.

Assim está escrito em Os Yoga Sutras de Patanjali, seção esta válida para estabelecermos uma relação com os nossos sentimentos. Podem ser eles dolorosos, prazerosos ou neutros, sendo todos produzidos em nossa consciência.

O sentimento é assim doloroso ou não-doloroso ou em alguns casos, podem assumir neutralidades, sem quaisquer reações de prazer ou dor. Na grande maioria das vezes, o sentimento não-doloroso é o mesmo que neutro, pois acontece quando as percepções sensoriais não despertam em nós nenhum tipo de sentimento. Por exemplo: diariamente, quando não estamos despertos, não notamos o vento que toca nossa pele, não presenciamos sequer uma árvore a nossa frente.

Por outro lado, há tipos de funcionamento da mente que despertam prazer e dor. Por exemplo: saboreamos um alimento, contemplamos um por do sol, apreciamos uma bela foto, caracterizando momentos para criar na mente sentimento de prazer. Na sua contramão, quando aspiramos um cheiro ruim ou quando olhamos uma imagem grotesca, o funcionamento da mente tende a produzir reações dolorosas.

Para todos esses tipos de modificações da mente, Patanjali classificou como sendo tipos de sentimentos que provocam dor, ou seja, todas as experiências, sejam elas de prazer ou dor, tornam-se realmente penosas para àquelas pessoas capazes de discernir as ilusões da vida real.

Torna-se uma tremenda ignorância, gerada pelas ilusões das modificações da mente, considerarmos o prazer em experiências que são fonte potencial de dor

Apesar da visão aparentemente pessimista, o objetivo maior aqui é criar esta classificação apenas para demonstrar que: todas as nossas experiências de vida, no domínio da mente, consistem em modificações mentais e nada mais.

E os cinco tipos de modificações da mente que tendem a provocar prazer ou dor são: conhecimento correto, conhecimento errôneo, fantasia, sono e memória.

Referência: A Ciência do Yoga [I. K. Taimni]

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Veja a si mesmo na quietude da mente


Trata-se de um dos livros mais profundos que tenho lido e que constantemente me deixa "confuso", a ponto de ir profundo no auto-questionamento. Nisargadatta Maharaj diz coisas que vão além de qualquer sentido relativo. Em Eu Sou Aquilo, quando fala sobre a "Consciência é Livre" (pág. 210), questionaram-o sobre a existência da Consciência:

P: Todos estão conscientes, mas nem todos estão acordados para a Consciência.
M: Não diga: "todos estão conscientes". Diga: "há consciência" na qual tudo aparece e desaparece. Nossas mentes são apenas ondas no oceano da consciência. Como ondas, vão e vêm. Como oceano, são infinitas e eternas. Conheça a si mesmo como o oceano do ser, o útero de toda existência. Certamente, tudo isto são metáforas; a realidade está além da descrição. Só sendo a realidade se pode conhecê-la.

P: Vale a pena buscá-la?
M: Sem ela tudo é problema. Se quer viver de maneira sã, criativa e feliz, tendo infinitas riquezas a compartilhar, busque o que você é. Enquanto a mente estiver centrada no corpo e a consciência na mente, a Consciência é Livre. O corpo tem seus impulsos e a mente, suas dores e prazeres. A Consciência é desapegada e inabalável. É lúcida, silenciosa, pacífica, viva, sem desejo, nem temor. Medite nela como em seu próprio ser e tente sê-la em sua vida diária e você compreenderá em toda sua plenitude.

A mente está interessada no que acontece, enquanto a Consciência se interessa na própria mente. A criança vai atrás do brinquedo, mas a mãe observa a criança, não o brinquedo. Observando incessantemente, esvaziei-me por completo e, com esse vazio, tudo regressou a mim, exceto a mente. Descobri que havia perdindo a mente irreparavelmente.

P: Você está inconsciente enquanto está falando?
M: Não estou nem consciente nem inconsciente, estou além da mente e de seus vários estados e condições. As distinções são criadas pela mente e se aplicam apenas para a mente. Sou a mais pura consciência, ela própria, a Consciência íntegra de tudo o que É. (...) As distinções e separações que constituem uma pessoa, não me distraem. Enquanto o corpo durar, ele terá suas necessidades como qualquer outro, mas o processo mental terminou.
P: Você se comporta como uma pessoa que pensa?
M: Por que não? Mas meu pensamento, como minha digestão, é inconsciente e propositado.

P: Se seu pensamento é inconsciente, como você sabe que ele está correto?
M: Não há nenhum desejo, nem temor que o impeça. Dessa forma, o que pode torná-lo incorreto? Uma vez que me conheço e o que represento, não necessito verificar-me todo o tempo. Quando você sabe que seu relógio marca a hora correta, você não precisa duvidar dele toda vez que o consulta.

(...)

P: Permita-me perguntar como você chegou a sua presente condição?
M: Meu mestre falou-me para agarrar-me tenazmente ao sentido "eu sou" e não desviar dele nem por um momento. Simplesmente, segui seu conselho e, em um tempo comparativamente curto, compreendi, dentro de mim mesmo a verdade de seu ensinamento. Tudo o que fiz foi lembrar constantemente seu ensinamento, seu rosto, suas palavras. Isto acabou com a mente e, na quietude da mente, vi a mim mesmo como sou ilimitado.

jaya om bhagavan!!!

domingo, 30 de maio de 2010

O que tanto procura?


Cada dia uma porta se abre e outra se fecha. Tantas emoções vivenciadas em inúmeras tentativas de ser mais feliz. Tudo isso que buscamos (sic) estará assim tão distante e separado de nós?

Como está dito em Abrindo Portas Interiores, de Eileen Caddy, em 30/05 (adaptado), no caminho da devoção e do conhecimento:

Você pode saber sobre as verdades espirituais, mas só quando aplicá-las e demonstrá-las em sua vida diária é que elas vão se tornar realidade e vão se incorporar a você. Você tem que ser o dono de seus próprios pensamentos, de sua vida e da maneira como resolve seus problemas. Você precisa se sustentar sobre suas próprias pernas e não ficar esperando que os outros assumam responsabilidades que são suas.

Recolha-se e procure dentro de si pela resposta e você encontrará. Pode levar algum tempo. Pode ser que você tenha que aprender a ser paciente e esperar por Mim, mas se sua fé for suficientemente forte, você encontrará tudo que busca. Aprenda a se esticar, a crescer e a se expandir. Aprenda a se nutrir da fonte de todo poder e conhecimento, de toda sabedoria e compreensão. Venha a Mim, o Senhor seu Deus, a divindade que existe dentro de você. Eu jamais o abandono ou o renego.

Jaya Sri Bhagavan!

Vida, tempo e riso


Enquanto aqui, vivencio o tempo,
amadurecendo o ter (?),
e buscando permanecer no Ser,
Puro e Real...

Que tempo é este?
Duro na condição do passado e do futuro...
mais e mais espaço, Presente, vivo e infinito,
dualidade da vida, necessária, 
para poder distinguir e reconhecer a Verdade.

então, enquanto estou,
nada me pertence,
e não posso ser pertencido,

nada daqui posso levar,
e assim, nada posso possuir,
exceto a mim mesmo.

tudo,
que seja assim,
sem distinção, 
Unidade,
Simplicidade...
se há tristeza, que assim seja,
se há beleza, que assim seja..
quer assim seja,
que seja Puro,
AmOr e Riso.

domingo, 23 de maio de 2010

Existe Algo que É Intocável

A história pode sempre se repetir ou quase sempre ela se repete. Pode mudar o cenário, os personagens, mas tudo continua o mesmo quando estamos presos na superficialidade dos condicionamentos da vida. A gente quer sempre estar no "melhor" lugar  (só que às vezes, nem sempre dá muito certo!), a gente sempre está buscando a felicidade ali longe ou no outro.

É decepcionante e uma grande ilusão depositar a felicidade fora. Como podemos ser tão incoerentes? Se quem sente a felicidade somos nós, se a felicidade vem de dentro, como que O outro ou "aquela coisa", pode assim mudar o nosso estado interno? A gente jamais deveria se abalar pelo que acontece fora de nós. Seja uma notícia boa ou ruim, nós deveríamos permaneSer sempre o mesmo, ou melhor, a "gente" (sic) permanece... quem se altera, é a mente doida. Quero dizer, não é agir com frieza de estado, mas sim pela serenidade de permanecer centrado, na presença do nosso Ser, inabalável, imanente e puro.

Aconteça o que for, existe Algo que é intocável. Lá no fundo, uma presença de paz permanece, independente do contexto aqui fora. Não há muito que fazer, porque Tudo já está feito. Tudo já É como tem que ser, porque nosso Ser não vai se alterar jamais.

terça-feira, 11 de maio de 2010

O verdadeiro olhar inteligente é aquele em que olhamos pela 1a vez para nós mesmos


A realidade criada pela mente é verdadeira?! Difícil ter a percepção entre o que é imaginário e o que é real. Fácil é se ligar a mente e acreditar em tudo aquilo que ela diz. Existem inúmeros eventos que se interligam, ou seja, conexões que de alguma forma até mesmo a mente elabora para evitar o sofrimento. No entanto, trata-se de uma crença ou realidade?

No fundo, tudo isso são apenas histórias e dramas contadas individualmente, que se manifestam no coletivo, e rompem barreiras do desconhecido. Querer descobrir a verdade, entretanto é o mesmo que tentar iluminar o sol com um farol.

Nessa busca toda, entre reconhecer a verdade por detrás dos eventos e na viagem contada pelas experiências vividas pelas história até então, talvez tenha encontrado uma resposta simples, relatada por John Sherman, em RiverGanga.

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O mesmo ocorre com a auto-investigação. Não espere uma mudança de perspectiva ou um estado espetacular, pois não é isto que a verdade lhe traz. A verdade não é algo novo, e a verdade traz unicamente a verdade, retirando de você a mentira que é a única causa do seu sofrimento. Muitas experiências podem ocorrer, boas e más, conforme a mentira se arrefece e a necessidade de controlar as coisas morre com ela, mas elas não significam nada. Aos poucos, cada dia você se sentirá melhor, independentemente da natureza das experiências que vão e vêm em você. E por fim, você estará em paz com tudo. Como sempre esteve.

Pode contar com a continuação do ego e, com ele, o drama da história da sua vida, mas ele significará cada vez menos para você, pois perderá a sensação de importância desesperada que tem agora. Afinal de contas, o ego não é o problema. A mentira de que o ego é você, este é o único problema.

E lembre-se sempre: você não tem como errar. A única coisa necessária é a intenção firme de olhar para si mesmo diretamente, sempre que puder, e tudo mais se resolverá por si mesmo.

A verdade é que todo o esforço que fazemos ao longo desta vida consiste em manter a nossa atenção fixa nos objetos que aparecem na consciência e afastada da realidade do nosso ser.

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Portanto, talvez a única e verdadeira intenção e desejo que devemos ter nesta vida é a de olhar para dentro. Buscar sempre as respostas dentro de si, distante dos pensamentos. Ir em direção ao reconhecimento de nossa verdadeira natureza, dos aspectos mais profundos de nossa existência, abandonando de uma vez por todas a ideia que fazemos de nós mesmos, deixando portanto de acreditar nos nossos pensamentos.

Om.

sábado, 1 de maio de 2010

Esta suposta realidade pode ser um tremendo sonho

Estamos sujeitos a uma realidade, que no fundo, pode ser um grande sonho emergindo no espaço de nossa própria consciência. Não me refiro exatamente ao sonho do sono e sim, ao que estamos vivenciando aqui e agora. Como podemos distinguir o sonho da realidade? Como saber se o que estamos vivendo é realmente real? 

A "pura certeza" da existência da matéria não pode ser suficiente para acreditar na realidade. Então, eu voava bem alto. Enquanto dormia, sonhei que estava nas nuvens e era tão profundo que eu tinha absoluta certeza de que estava acordado. Mas, quando realmente acordei do sono, caído ao lado da cama, me deparei que tudo aquilo não era realidade que eu imaginava ser. Ilusão! Então, qual a diferença entre o que vejo e o que imagino? É tudo um sonho? O que é realidade?

Todo tipo de interpretação, seja no sonho, seja no estado de vigília, são criações da mente. Então, tanto faz, tanto fez, porque na verdade, tudo está naquilo que acreditamos ou não acreditamos. No entanto, entre essa crença e descrença há um pequeno espaço. E, talvez aí, nesse pequenino, mas tão elevado momento, esteja a pura consciência emergindo em direção àquilo quem realmente somos.

John Sherman propõe exatamente isto, ao sustentar a ideia de Sat-Guru Ramana Maharshi, descrevendo:

Eis a promessa: se você parar um momento, sempre que puder, sempre que se lembrar, e voltar a sua atenção consciente para esta experiência nua e crua de existir, que é tudo que você é, seu sofrimento imediatamente começará a diminuir e a fumaça quente e espessa de falsidade, confusão, dúvida e medo que encobre a mente começará a se dissipar. E, nas próprias palavras de Ramana, tudo vai dar certo no final.  
 
Na verdade, este exame, esta auto-investigação não é um caminho nem um método para se alcançar a Realização; ela É a Realização e cada momento que você passa com a sua atenção repousando na experiência de existir é passado em total e consciente realização da Realidade.


E se você continuar com esta prática e torná-la parte de sua vida, toda a falsidade finalmente desaparecerá e o que sempre esteve aqui, a paz, a naturalidade e o amor incondicional serão revelados, completa e permanentemente, de uma vez por todas. 

Hare Om Tat Sat!

sábado, 24 de abril de 2010

Karma Yoga

 "Firme no Yoga, faça o seu trabalho, ó conquistador da riqueza [Arjuna], abandonando o apego aos frutos dele e mantendo a mesma atitude na vitória ou na derrota, pois Yoga é eqüanimidade da mente." Bhagavad Gita, II:48

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